informações relevantes aos pacientes com desordens intestinais

Confira algumas perguntas e respostas comuns dos pacientes e tire suas dúvidas!

Ainda não está claro se os pacientes com doenças inflamatórias intestinais (DII) em uso de medicamentos imunossupressores ou imunobiológicos apresentam um risco aumentado de contrair o COVID-19 ou de suas formas graves. Uma porque em geral os pacientes são jovens e outra porque esses pacientes podem lidar melhor com o sistema imunológico frente à tempestade de citocinas causada durante a infecção por COVID-19. Entretanto sabemos que muitos pacientes estarão com atividade clínica e endoscópica da doença, alguns estarão desnutridos, em pós-operatório, idosos, outros em uso de azatioprina ou corticoide em altas doses, que em geral aumenta o risco de infecções virais ou bacterianas. Portanto, cuidado com as medidas de distanciamento social, higiene pessoal (lavagem de mãos, álcool gel), etiqueta da tosse, limpeza de superfícies com álcool 70 ou água sanitária, uso de máscara e luvas ao sair na rua, evitando sempre tocar a face.

O mais importante é que você não suspenda suas medicações em uso antes de contactar seu médico. O risco de descompensação clínica e atividade da doença pode ser maior necessitando de hospitalizações ou cirurgias, e, desta forma, aumentando sim o risco de contrair COVID em ambiente hospitalar.

Cuidado com os anti-inflamatórios não esteroidais (AINES), use paracetamol ou dipirona se dor ou febre. Os AINES podem exacerbar sua doença.

Alguns pacientes também podem apresentar anosmia (dificuldade de sentir o cheiro) e disgeusia (dificuldade de sentir o sabor) pela infecção viral e cursam com desnutrição. Portanto, cuidado. Não deixem de se alimentar bem durante o período de quarentena. Evitem alimentos industrializados e ultraprocessados ricos em açúcares, gorduras, sal, conservantes, emulsificantes em excesso. Prefira os vindos da terra. Lema: “descascar mais que desembalar”.

Testem seu risco do coronavírus na DII pelo site do GEDIIB: diicovid.com.br

Em geral:

Baixo risco: pacientes em uso de derivados do 5-ASA (mesalazina, sulfassalazina) e budesonida. Distanciamento social e medidas acima citadas.

Risco moderado: pacientes em uso de biológico (Anti-TNF: infliximabe, adalimumabe, golimumabe, certolizumabe; anti-integrina: vedolizumabe; anti-IL12/23: ustequinumabe), azatioprina, metotrexato, tofacitinibe, prednisona < 20mg. Em geral evitar contato com pessoas sintomáticas, evitar transporte público, cuidado com as pessoas que adentram sua casa (pedir para lavar as mãos e usar máscaras), demais medidas de higiene, evitar aglomerações.

Risco Alto: pacientes em uso de prednisona > 20mg ou corticóide endovenoso, pacientes com nutrição parenteral, terapia combinada, pacientes com atividade clínica moderada a grave além de pacientes de grupos de risco (idosos, cardiopatas, hipertensos, diabéticos, obesos, pneumopatia, oncológicos): fique em casa o tempo todo; peça ajuda com a compra de alimentos e remédios; ao pedir comida, peça para o motoboy deixar fora de casa; deixe uma bolsa preparada caso precise ir ao hospital incluindo a lista de medicamentos que está usando; não receba visitas.

Cuidado também com as manifestações no trato gastrointestinal pelo COVID-19: em 10-15% os pacientes  podem apresentar diarreia, náuseas, vômitos, dor abdominal, piorando os sintomas da DII. Não hesitem em procurar seu médico. Em período de pandemia, para proteção de todos, estamos atendendo em telemedicina.

Se cuidem! #todosportodos

*Conteúdo meramente informativo. Não substitui o atendimento médico.

A doença celíaca é considerada uma enteropatia mediada por infiltração de células inflamatórias no intestino delgado (local responsável pela absorção de nutrientes), levando a dano tecidual e atrofia do mesmo. Ocorre em indivíduos geneticamente predispostos em que o corpo passa a não conseguir digerir adequadamente a proteína chamada “glúten”. Essa proteína está presente em grãos como o trigo, centeio ou cevada. A aveia, dependendo do seu processo de comercialização pode ser contaminada por trigo, embora a aveia pura, não contém a proteína do glúten. A doença celíaca não é considerada uma alergia alimentar, diferente da alergia ao trigo, onde o processo inflamatório é mediado por imunoglobulinas IgE ou IgG.

*Conteúdo meramente informativo. Não substitui o atendimento médico.

Dor abdominal, diarreia, constipação, aumento de gases abdominais, cólicas, perda de peso, anemia, empachamento após se alimentar, lesões de pele, alterações de esmalte dentário. Na prática, é comum diagnosticarmos a doença celíaca também em pacientes com anemia crônica ou osteopenia/osteoporose sem causa determinada. Crianças também podem abrir o quadro apenas como déficit de crescimento. Adolescentes podem apresentar desordens menstruais e quando adultas, infertilidade e menopausa precoce. Sintomas neurológicos são raros mas podem aparecer como cefaleia, alterações de sensibilidade, problemas cognitivos, déficits de atenção. A associação com outras doenças como Diabetes Mellitus Tipo I, tireoidite autoimune, síndrome de Down deficiência de IgA pode acontecer.

Diante de qualquer suspeita é imprescindível a procura do seu médico antes da retirada do glúten da dieta, para que seja feito um diagnóstico correto. A positividade de autoanticorpos ou de alterações na biópsia de intestino (por endoscopia digestiva alta) varia com a presença do glúten na dieta, portanto, você deve estar em dieta com glúten por pelo menos 4 semanas antes de realizar os testes. Nos casos de dúvida diagnóstica por vezes temos que recorrer a testes genéticos.

Grande parte dos pacientes podem apresentar anticorpos positivos sem alterações na biópsia de intestino, chamamos de “Potencial” doença celíaca. Não está claro na literatura do benefício da dieta glúten-free. Os que tem anticorpos positivos e alterações histológicas e não apresentar sintomas, são chamados de doença celíaca “Silenciosa”. Esse grupo de pacientes provavelmente se beneficia da dieta glúten-free caso haja algum sinal de mal absorção alimentar. Muito cuidado com os modismos da atualidade e a vilanização do glúten.

*Conteúdo meramente informativo. Não substitui o atendimento médico.

Para tentar fazer o rastreamento de familiares, atentar para sinais de alarme quanto a possíveis complicações da Doença Celíaca como o linfoma intestinal, ou até mesmo para avaliar a presença de outros diagnósticos diferenciais como a síndrome do intestino irritável, outras intolerâncias ou alergias alimentares, insuficiência pancreática, ou colite microscópica, principalmente naqueles pacientes que mantêm sintomas mesmo com dieta adequada, em torno de 10%. Afastando outras causas, o paciente pode ter doença celíaca refratária e drogas imunossupressoras devem ser utilizadas.

O tratamento baseia-se na dieta livre de glúten retirando alguns dos alimentos mais comuns como o pão, massas, barrinhas de cereais, alguns molhos prontos, condimentos, cervejas. Alguns alimentos de difícil digestão, diante de um intestino já inflamado, devem ser evitados como leite e derivados, até que pelo menos seu autoanticorpos se negativem. Cuidado com a contaminação de alimentos com glúten, o que pode perpetuar seus sintomas e aumentar o risco de complicações futuras, mesmo quando ingeridas quantidades microscópicas!

*Conteúdo meramente informativo. Não substitui o atendimento médico.

Arroz, milho, batata, soja, frutas e vegetais, produtos livres de glúten (pães, massas etc), vinho e bebidas destiladas (rum, tequila, vodka e whiskey). O acompanhamento com nutricionista especializado é importante e recomendado. Caso haja alguma deficiência vitamínica, seu médico poderá auxiliar na reposição.

Geralmente o seguimento é feito com densitometria óssea para rastreamento de osteopenia/osteoporose, dosagem de vitaminas e autoanticorpos, que devem continuar negativos caso você esteja fazendo uma dieta correta e sem contaminação. A maioria das pessoas sentirá melhora dos sintomas nas primeiras 2 semanas com dieta glúten-free. Mas não se engane, você precisará mantê-la pro resto da vida. Nada que seu corpo e mente não consigam se adaptar.

Dicas:
› Deixar alimentos glúten-free na parte de cima da geladeira;
› Identificar os alimentos glúten-free;
› Lavar corretamente os pratos, copos e talheres após o uso;
› O seu grill deve apenas utilizar alimentos glúten-free;
› Utilizar panelas separadas; Mantenha sempre seu forno muito limpo;
› Caso vá em algum restaurante procure aqueles que sejam focados na preparação de alimentos glúten-free para que não haja contaminação;
› Busque sempre os alimentos com “selo Gluten Free”

*Conteúdo meramente informativo. Não substitui o atendimento médico.

As DII englobam a Doença de Crohn e a Retocolite Ulcerativa. Por causarem inflamação no intestino principalmente, podem levar à diarreia crônica, perda de peso, dor abdominal, anemia, além de provocar inflamação em outros órgãos como olhos, articulações, fígado e vasos levando à trombose.

*Conteúdo meramente informativo. Não substitui o atendimento médico.

Até o momento não foram identificados tratamentos que proporcionam a cura porém, os tratamentos disponíveis ajudam na cicatrização das lesões, melhorando boa parte dos sintomas e propiciando muitas vezes uma vida normal. Por serem doenças de curso cíclico é importante que a terapia de manutenção seja feita mesmo quando o paciente está livre de sintomas a fim de evitar o retorno das crises. O importante é não se auto-medicar e evitar o uso prolongado de corticóides.

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Acredita-se que multifatoriais, principalmente ambientais (infecções intestinais, tabagismo, stress, alimentação com produtos processados e industrializados), genética e flora intestinal.

*Conteúdo meramente informativo. Não substitui o atendimento médico.

A principal diferença é que a inflamação no Crohn pode se estender da boca até o ânus além de pegar todas as paredes do intestino, levando a fístulas (trajetos anormais entre alças intestinais) muitas vezes necessitando de cirurgia. A retocolite, por sua vez, é restrita à mucosa e compromete somente o intestino grosso, por isso é um pouco mais tranquila que o Crohn.

*Conteúdo meramente informativo. Não substitui o atendimento médico.

A inflamação intestinal (presença de úlceras na parede do intestino) leva à alteração da flora intestinal (disbiose). As bactérias passam a fermentar mais os alimentos e produzir mais gases que distendem a parede do delgado e levam à dor. Os estreitamentos na luz do intestino delgado também podem cursar com dificuldade na propulsão dos alimentos com a dilatação das alças e dor. O grau de inflamação não só no intestino como em vários órgãos altera a percepção da dor, diminuindo o limiar, portanto, o próprio desequilíbrio emocional pode levar à dor intestinal.

*Conteúdo meramente informativo. Não substitui o atendimento médico.

A presença das úlceras na parede intestinal, além de impedir a correta absorção de nutrientes e vitaminas perpetua um quadro de diarreia, que chamamos de disabsortiva. Nesse caso, o paciente pode cursar com desnutrição caso não haja tratamento específico.

*Conteúdo meramente informativo. Não substitui o atendimento médico.

É um exame super importante no diagnóstico das DII. Após o preparo do intestino com laxantes, um aparelho é introduzido pelo ânus a fim de avaliar as alterações de mucosa no intestino grosso e no finalzinho do delgado.

*Conteúdo meramente informativo. Não substitui o atendimento médico.

A colonoscopia, exame de rastreamento de câncer colorretal, é indicada em indivíduos acima de 50 anos ou acima de 40 anos em pacientes com história familiar de câncer colorretal (ou 10 anos antes do primeiro caso na família, em se tratando de síndromes hereditárias). As colonoscopias subsequentes são sempre programadas a partir dos resultados da última colonoscopia. Pacientes que apresentam pólipos maiores que 01 cm, múltiplos ou com componente histológico de maior risco, devem fazer em períodos mais curtos como 1 ano. Pacientes com pólipos com atipia de baixo grau repetem o exame em 3 anos. Pacientes com colonoscopia normal só precisa repetir em 5 anos.

Após duas colonoscopias normais ou em pacientes acima de 75 anos, geralmente não é solicitado mais colonoscopias de rastreio a não ser que hajam novos sintomas. Para maiores informações, consulte seu gastroenterologista.

*Conteúdo meramente informativo. Não substitui o atendimento médico.

O Crohn pode levar a estreitamentos na luz do intestino, trajetos anormais entre as alças intestinais e/ou pele (fístulas), perfurações, deficiências de vitaminas como a deficiência de vitamina B12, ácido fólico, ferro e cálcio. A retocolite pode levar à anemia importante. Ambas podem complicar com câncer de intestino grosso por isso a vigilância de câncer deve ser feita de forma adequada com colonoscopia.

*Conteúdo meramente informativo. Não substitui o atendimento médico.

Quando não há controle da doença com o tratamento clínico ou quando o paciente precisa de alguma cirurgia de urgência (principalmente por perfuração intestinal), nesses casos pode ser preciso a colocação de bolsas (ostomias) para desviar o trânsito intestinal, muitas vezes de forma temporária.

*Conteúdo meramente informativo. Não substitui o atendimento médico.

A gestação não é impeditiva porém orientamos sempre o melhor momento, quando a doença está sob controle. Grande parte das medicações de uso habitual pode ser mantida durante a gestação. A fertilidade pode estar comprometida nos pacientes portadores de ostomia.

*Conteúdo meramente informativo. Não substitui o atendimento médico.

Confira algumas cartilhas informativas disponibilizadas pelo GEDIIB (Organização Brasileira de Doença de Crohn e Colite) sobre patologias e cuidados intestinais.